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Garnacha, garnacheiro!

Primeiro é preciso dizer que fala-se o nome deste vinho em catalão “ Las Crestas”.

“Las Crestas” de “cristas” pelo formato de crista de galo que tem a montanha onde as vinhas de Garnacha que originam este vinho estão plantadas. Esta montanha pode ser vista da adega da vinícola Mas Doix numa paisagem sensacional de final de tarde onde tivemos a experiência fabulosa de degustar os quatro vinhos que são produzidos pelos enólogos Sergi Batet e Ramon Llagostera.

 

Vinho tinto espanhol da região de Priorat Les Crestes

(picos da montanha com formato de crista de galo que dão o nome ao vinho Les Crestes)

 

A Mas Doix (lê-se Mais Dois) fica na região de Priorat ou Priorato em catalão, na Espanha e produz quatro vinhos basicamente feitos com as uvas autóctones Garnacha e Cariñena. O Valenti Llagostera que nos recepcionou na vinícola em outubro de 2021, ao falar do Les Crestes o chamou de um “vinho garnacheiro”, uma expressão que sugere um vinho alegre, cheio de energia, para ser tomado em um momento de festa, quando chamamos os amigos!

 

Placa vinícola Mas Doix em Priorat na Espanha

Mas é no mínimo curioso se deparar com um vinho assim numa região como a de Priorat que é normalmente reconhecida por vinhos mais austeros. Mas a gente segue sempre aprendendo e durante a condução da degustação e a explicação de Llagostera faz todo sentido.

A austeridade está lá, claro, estamos em Priorat! O solo de llicorela (um tipo de ardósia), com vinhas que para se alimentar e sobreviver precisam penetrar muito profundamente no solo de pedra, uma situação extrema de clima mediterrâneo, um local que não há outra cultura agrícola que não o vinho, com o solo muito pobre em termos de matéria orgânica mas que por isso também produz belíssimos vinhos - a gente sabe a planta sofrida faz qualidade!

 

Vinhas em veraison em solo de llicorela em Priorat na Espanha Vinícola Mas Dois

(solo de llicorela das vinhas de garnacha em veraison)

 

Mas voltando a questão dos Les Crestes ser um vinho “garnacheiro”, efetivamente porque é feito majoritariamente com uvas Garnacha - 80% de Garnacha mas não só por isso.

A Garnacha é aquela uva que na vinha facilmente chega a alto nível de açucar, uma uva que traz pouca estrutura, pouca acidez e pouca cor mas que tem um aroma importante e bastante característico de fruta vermelha.

A Cariñena (que participa com 10% no Les Crestas) por outro lado, é complementar a Garnacha! A Cariñena, ou Carignan ou Mazuelo como também é chamada, é uma variedade que em muitas zonas tem dificuldade de amadurecimento de forma que tende a apresentar nível de açúcar de médio para baixo mas tem muita estrutura, acidez e cor.

Estávamos diante então de uma casta festiva, “garnacheira” (pensando nessa propensão a alto teor alcoólico, bastante fruta da Garnacha) e uma casta contemplativa (com menos álcool, mais estrutura, mais acidez, mais cor, a Cariñena).

Os vinhos da Mais Dois são então resultado da produção de vinhos com estas castas e das suas nuances em termos de idade de cada vinhedo e do contato com a madeira mas principalmente partindo da complementação entre estas casas e de seus extremos: produzem o Les Crestas, um vinho com mais Garnacha e menos Cariñena, seguindo para vinhos com menos Garnacha e mais Cariñena até o monovarietal de Cariñena.

Na apaixonante apresentação dos vinhos, Llagostera chega em um momento importante da degustação quando sugere que o “garnacheiro” Les Crestas, com mais Garnacha, seja degustado ouvindo uma música Another Day of Sun do filme La La Land nos transportando àquela cena onde as pessoas saem dos carros no meio de um transito para dançar e serem felizes! Já para o monovarietal de Cariñena a indicação é abrir a garrafa com ao som de Frank Sinatra cantando My Way por seu um vinho que precisa de mais tempo, um vinho que te convida para, ao contrário da festa da Garnacha, um momento de contemplação.

Fantástica experiência! Primeiro porque é o tipo de vivência que nos faz fixar as característica de cada casta, nos traz conhecimento de uma forma natural e através de pura diversão.

O vinho pode e deve ser condutor de conhecimento pela simples diversão que acaba nos engrandecendo pela proximidade com estas percepções traduzidos, por exemplo, pela música ou mesmo pelo simples contato emocionante com este produto que é fruto do trabalho do homem e da natureza.

Outro termo que o Llagostera usou para o Les Crestes foi a feel good wine (um vinho que faz a gente se sentir bem). Assim, nada mais é preciso ser falado concordam? Abram um Les Crestes e sintam a energia da Garnacha vinda dessa combinação com a austeridade do terroir de Priorat e divirtam-se! Saúde!